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A ansiedade do leitor

Você já sentiu desespero por ter tanta coisa para ler e não dar conta sequer de uma página?


Gabrielle Lisant (1906) - Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). Fonte: Wikimedia.


A leitora absorta com seu livro num lugar íntimo e calmo é apenas uma idealização. Basta pensarmos em quando lemos, como lemos e quanto lemos.


É fácil perceber que estamos bem longe do ideal representado nos quadros impressionistas. Afinal, é difícil encontrar tempo e lugar para a leitura, por conta da vida atarefada e de mil outras distrações.

 

PRESSÃO

Hoje, há, ainda, uma pressão enorme para que leiamos cada vez mais e mais. Parece que virou uma competição. Nunca houve uma oferta tão grande de obras ao alcance de apenas um click. Também nunca se leu tanto quanto nos dias de hoje. Virou moda.


É interessante observar que junto da oferta gigantesca de títulos surge a pressão do consumo.


Alguns perfis em redes sociais dizem ter lido até 20 ou mais livros num mês. E há aqueles influencers resenhando dois ou três livros por semana, além das leituras de apoio!


Algumas pessoas querem se comparar a eles e começam a ler desesperadamente. Leem correndo tudo o que aparece, as indicações, os livros do momento e os clássicos em evidência.


Isso tudo resulta numa enorme “ansiedade de leitor”, uma loucura em “recuperar tempo”, ler tudo o mais rápido possível. Para os desesperados, até cursos de “leitura dinâmica” são vendidos como solução.


Tomadas de ansiedade, essas pessoas compram livros e mais livros, mas não conseguem dar conta. Logo ficam frustradas, sentem-se incapazes.


ATITUDE CONTRAPRODUCENTE


Quando se lê assim tão rapidamente o que resta são apenas impressões superficiais; normalmente, leitores ansiosos não estruturam uma opinião própria e adotam as interpretações de influencers e resenhistas.


Isso é o contrário do que deveria ser um processo produtivo de leitura e reflexão. Numa situação dessas, o indivíduo não cresce com suas leituras; sem encontrar a si mesmo enquanto lê, não desenvolve uma visão própria e profunda sobre o que leu.


Esse leitor ansioso só ficou preocupado com o número de páginas, com a quantidade de exemplares, com a “leitura em dia”.


É claro que alguém sai ganhando com isso. As editoras vendem mais. Os influencers aumentam o número de seguidores infelizes. Até os cursos de leitura dinâmica ganham mais alguns pagantes.


É preciso escapar dessa lógica e aprender a ler de maneira mais produtiva. Produtividade, nesse caso não é quantidade, nem velocidade, mas qualidade de leitura.


Cada livro é uma chance de ampliarmos nossa vida intelectual. Porém, temos pouco tempo para eles e no começo temos pouca prática também.


Por isso, é necessário algum critério na escolhas do que se lê, bem como algumas estratégias de leitura realmente produtiva.

 

CULTIVANDO A VIDA INTELECTUAL

Nas próximas semanas vou publicar uma série de posts sobre métodos, práticas e leituras voltadas para o desenvolvimento autônomo da vida intelectual.

Já comecei com a metáfora da vida intelectual, presente no afresco de Rafael Escola de Atenas.

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