POR QUE E COMO ESTUDAR?
- Ribas Carneiro
- 8 de fev.
- 4 min de leitura
Atualizado: 13 de fev.
Ideias e observações baseadas no livro Como estudar e como aprender, de Emilio Mira y Lopez. Tratei dessa obra anteriormente, mas aqui vão algumas observações mais detalhadas.

POR QUE ESTUDAR?
É desse livro uma das respostas mais diretas para essa questão:
“[...] o homem estuda porque não tem outro procedimento mais simples para vir a saber.”
Então é isso, estudamos para saber. Entretanto, aqui surge outra questão.
PARA QUE DEVEMOS SABER?
Simples, essa é a razão última de nossa existência.
A aspiração de saber é um elemento vital para o homem, de acordo com Emilio Mira y Lopes.
Ele complementa afirmando que devemos dar o nosso melhor em nosso trabalho apenas para termos meios de estudar e saber mais.
Assim, a razão de nossa vida é saber, e o método mais simples para saber é estudar.
Estudar, por sua vez, relaciona-se com aprender, uma atividade que não é tão fácil assim.
O QUE É APRENDER?
Mira & Lopez reconhece que é uma dura lei essa de “aprender ‘relações e conexões de sentido’ através de um material misto, sensorial e simbólico.”
Ao fazer essas relações, porém, conseguimos “[...] aumentar a bagagem de recursos de que dispomos para enfrentar os problemas que nos coloca a vida cultural.”
Poderíamos complementar: aumentar a bagagem que dispomos para enfrentar os problemas culturais e também práticos. Afinal, uma aprendizagem técnica, por exemplo, é a de conteúdos utilizáveis na vida para solucionar problemas práticos.
O estudo e o conhecimento não se dão apenas por meio de livros, mas também por meio de conversação com um mestre ou pelo diálogo.
Dessa forma, aprender não é apenas esforço mental, mas concentração para capturar materiais culturais com o objetivo de vencer dificuldades de compreensão e execução de aprendizagens.
A aprendizagem plena, bem feita, memorizada e aplicada é cumulativa. Assim, o indivíduo constrói um acervo de conhecimento.
COMO ESTUDAR?
O mais importante, o fundamental é o estudante saber formular perguntas.
A pergunta deve vir antes, por exemplo, de se ler um determinado livro. A partir de uma pergunta primordial, a leitura se torna mais ativa, uma verdadeira busca por respostas.
Para Mira y Lopez “São muito os estudantes que não aprendem pela simples razão de ignorarem aquilo que devem aprender.”
Além disso, no processo de leitura propriamente dito, deve-se buscar identificar a ideia diretriz da obra, a tese defendida pelo autor. Essa “ideia diretriz” pode ser aplicada para partes da obra também, como capítulos ou até mesmo parágrafos.
Uma boa prática é escrever um resumo ou um esquema para cada capítulo que se lê.
MOTIVAÇÃO
O que leva alguém a desejar realizar uma determinada tarefa de aprendizagem?
Podemos pensar em diversas formas de motivação a serem propostas pelo professor e pelo sistema de ensino (reprovação seria uma delas). Mas aí entraríamos em algo mais institucionalizado e nosso foco aqui é o desenvolvimento autônomo.
Pensemos aqui em motivações pessoais de interesse em aprender, podem ser inúmeras, inclusive o simples desejo de saber mais. No âmbito pessoal, temos de ter o desejo de ir além, aprender e melhorar cada vez mais.
Dependendo do ambiente em que se está inserido isso pode demandar maior esforço. Mesmo quando se quer muito, se o indivíduo está preso a ambientes medíocres a coisa fica bem mais complicada. Quanto mais esforço, porém, maior a recompensa.
Há razões de atração e de repulsa no ato de aprender ou estudar, de acordo com Mira y Lopez. Quando há um saldo positivo de razões de aprender há o impulso de aprender.
Assim, mesmo uma pessoa oriunda de um contexto de miséria intelectual pode desenvolver sua cultura se tiver vontade própria e encontrar um ambiente minimamente propício a isso.
Por outro lado, num ambiente medíocre, que não valoriza a cultura e o conhecimento, quem demonstra interesse pelos estudos tende a ser discriminado, podendo vir a desistir.
PROCESSO
Quando estudamos, nós entramos em contrato com algo novo, então devemos arranjar técnicas de rememoração, depois de aplicação. Esses passos precisam ser dados um a um sempre que há uma nova informação.
O estudo é um processo e para o indivíduo atingir o seu potencial máximo há de haver essa superação de forma rotineira.
Agora, aqui vem a parte mais emocionante: o aprendizado tem momentos de esgotamento e estagnação e outros de saltos ou progressos rápidos. Mas é nesse interim, com altos e baixos, que ocorrem as descobertas. Cabe, assim, ao estudioso persistir.
SER CULTO
Ser culto é ter a capacidade de aprender cada vez mais e com mais facilidade.
Ao longo do tempo e do estudo contínuo, um bom volume de informações, observações e experiências se acumulam, tornando a caminhada cada vez mais fácil.
Como diz Emilio Mira y Lopez:
“Assim faz o homem culto: pode ter esquecido tudo ou quase tudo que aprendeu na mocidade, mas adquiriu, em compensação, a atitude e o poder de integrar os dados experienciais de uma verdade, que lhe servem de apoio e sustentam sua vida.”
O fato é que saber, ser culto ou culta, é um prazer dos mais recompensadores.
REFERÊNCIA:
MIRA Y LÓPEZ, Emilio. Como estudar e como aprender. Trad. DENARDI, Felipe. Campinas: Kírion, 2020.
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