PALEOLÍTICO SUPERIOR – O SALTO EVOLUTIVO OCORRIDO HÁ CERCA DE 35 MIL ANOS
- Ribas Carneiro
- há 11 minutos
- 3 min de leitura
Há 35 mil anos o Homo sapiens sapiens era finalmente a espécie hominídea dominante.
Foram mais de 150 mil anos de lenta evolução. Mas repentinamente, os humanos começaram a apresentar mais progressos em termos de arte, linguagem e organização social.
Como foi aquele começo?

Nós estivemos aqui! – Mãos em negativo da Caverna de Cargas, França. Técnica de estêncil com pó de ocre, Período Paleolítico Superior. Fonte.
O PALEOLÍTICO SUPERIOR
Explorações nos sítios arqueológicos revelam que entre 40 mil e 30 mil anos atrás houve um salto cultural fundamental para a história da humanidade. Essa evolução é tão marcante que inclusive estabelece o que se denomina Paleolítico Superior.
As técnicas de produção de instrumentos de pedra lascada, desenvolvidas desde o Homo erectus, evoluem repentinamente. Também há maior variedade de instrumentos, além de mais vestígios de ferramentas de madeira e principalmente osso.
Além das inovações técnicas, há evidências de trocas culturais entre diferentes grupos étnicos. Essas trocas resultaram em apropriações culturais que disseminaram conhecimento de uma forma totalmente nova.
Isso tudo garantiu a sobrevivência da espécie em meio a um ambiente duríssimo.
O MUNDO HÁ 35 MIL ANOS
O planeta Terra era bem mais frio naquela época, pois atravessava o último Máximo Glacial. As temperaturas eram em média 4 a 6 graus mais baixas que as atuais. Boa parte da Europa e do norte asiático estava congelada.
Nessa era do gelo predominava a megafauna, com seus mastodontes, mamutes, bisões e preguiças gigantes. Leões, hienas, tigres-dente-de-sabre e ursos muito maiores que os atuais eram encontrados na Europa e em grande parte da Ásia.
O nível das águas dos oceanos era mais baixo por conta do imenso acúmulo de gelo nos polos. Dessa forma, os territórios das atuais Indonésia e Austrália eram mais facilmente alcançáveis.
Assim, o Homo sapiens já habitava todos os cantos da terra, inclusive a Austrália. A única exceção eram as Américas, ainda sem qualquer presença humana.

Bisão pintado nas paredes da Caverna Niaux, França. Por Remy Gabalda/AFP. Fonte.
HERDEIROS DAS ANTIGAS ESPÉCIES HOMINÍDEAS
Os ancestrais hominídeos, como Homo erectus, Homo habilis e Heildelbergensis já estavam extintos há milhares de anos. Apesar disso, sua herança cultural e genética estava muito presente.
Desde o Homo erectus a linguagem vinha se desenvolvendo, vagarosamente. Outras habilidades haviam sido herdadas por nossa espécie: a produção de ferramentas de pedra lascada, a construção de abrigos, técnicas de caça, a produção e controle do fogo.
Durante mais de 100 mil anos, nossos ancestrais conviveram com outras espécies hominídeas. Houve inclusive populações miscigenas, especialmente a partir do cruzamento entre nossa espécie e a neandertal.
AVANÇOS TÉCNICOS E CULTURAIS RELEVANTES
É possível encontrar sepulturas de outras espécies de hominídeos, especialmente entre neandertals. Mas elas ganham um maior cuidado com os humanos modernos. Assim, entre junto aos corpos são encontrados objetos de uso pessoal e adornos. Isso revela preocupação com o transcendental.
No âmbito dos instrumentos de caça, o Homo sapiens faz largo uso de armas de arremesso. No entanto, ele não se limita às lanças e inova com o lançador de dardos atlatl há cerca de 30 mil anos.
Mas há algo ainda mais impressionante. O Homo sapiens é a primeira espécie hominídea que produz instrumentos musicais, como o comprovam flautas feitas de osso. É com nossa espécie, então, que nasce a música.
Isso tudo revela que esses grupos humanos já tinham a linguagem em um nível bastante desenvolvido. A linguagem, ao mesmo tempo, proporcionava a organização social. Esta, por sua vez, fez a linguagem evoluir para padrões de formalidade cada vez mais estruturados.
Pode-se dizer, que nascia, há cerca de 35 mil anos, o humano moderno de forma bastante completa, totalmente provido das capacidades intelectuais que o fariam o que é hoje em dia.
REFERÊNCIA:
Um livro que é uma interessante introdução à pré-história foi produzido por Chris Gosden, sobre o qual já há um post aqui.
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