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O que faz a gente se tornar leitor ou leitora?

O que nos torna leitores enquanto a grande maioria foge dos livros?

Há um ensaio que busca uma resposta.



COMO UM ROMANCE, DE DANIEL PENNAC

Nessa obra, o autor desenvolve uma espécie de bem humorada “sociologia” da leitura.


Trata-se de um livrinho, bem curto, delicioso de se ler e que dá ideias, faz a gente pensar.


O fio condutor do ensaio é o amor pela leitura. Todos sabem que o amor não pode ser forçado. Logo, o amor pela leitura é um ato deliberado, livre, autônomo. Conclui-se, então, que não se pode aprender a gostar de algo sendo forçado a isso.


Daniel Pennac sabe que não se “aprende” literatura. Ele (e nós, é claro) sabe que não são as perguntas, os questionários, os textos de interpretação que formarão um leitor.


A experiência da leitura tampouco é controlável. Haverá períodos de menor desejo de se ler, e haverá épocas em que os livros serão nossos melhores companheiros. Mas, no final, muitos de nós teremos neles colegas apenas esporádicos.


Também não há regularidade no gosto pela leitura. Haverá livros que amaremos profundamente, outros que detestaremos, outros que serão sempre uma incógnita.


Enfim, como todo ato subjetivo, pessoal, a leitura não obedece a roteiros pré-definidos. Aliás, é sobre essa perspectiva que o autor propõe seu decálogo do leitor.


Esse decálogo acabou ficando famoso, sendo repetido por todo canto. Isso se deve, talvez, à sua utilidade.

 

Realmente, o leitor é rei no campo da leitura. Ele decide como, quando e se vai ler.

 

Ela é assim um ato de liberdade. Com o livro nas mãos nós estamos no controle. Aproveitemos!

 

O LEITOR PROFISSIONAL OU ACADÊMICO

Daniel Pennac, assim como Émile Faguet, pensa no leitor comum. Alguém apaixonado pela leitura, e também pela literatura, que quer saber mais sobre o mundo e principalmente sobre si mesmo.

 

Esse leitor é alguém que eventualmente pode desenvolver uma vida intelectual, mas cujo objetivo imediato é ter prazer em ler e aprender.

 

Ele é diferente daqueles profissionais ou acadêmicos que leem para lecionar, produzir materiais didáticos, artigos, dissertações, teses, livros.

 

O leitor profissional necessita de uma relação mais eficiente com a leitura. Dessa forma, ela é mais direcionada e profunda. As  obras são esquadrinhadas, com produção de fichas e análises. Um trabalho, enfim, intelectual.

 

Isso não quer dizer que um profissional de uma área técnica não possa também desenvolver uma vida intelectual sendo um leitor mais eficiente.

 

Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade eram funcionários públicos, restritos a uma vida burocrática. Ambos, porém, acabaram por ser dos mais notáveis escritores brasileiros.

 

O trabalho intelectual, assim, também pode ser desenvolvido pelo leitor comum, aliás é desejável. Mas ele busca normalmente apenas prazer na leitura e no estudo; ele tem o potencial de desenvolver uma vida intelectual, mas não o dever.

 

Por outro lado, o leitor profissional precisa ter passado pela experiência de leitor comum.

 

Especialmente na adolescência é comum a experiência de se ler desorganizadamente várias obras. É enriquecedor se apaixonar pelos livros, personagens e autores e se deixar levar pelo sentimento.

 

Essas leituras juvenis são feitas sem anotar, sem esquadrinhar os textos. Isso não é problema, mais tarde poderemos voltar a esses livros.

 

Porém, se deixarmos escapar esse momento especial de experiência de leitura, haverá um provável déficit no futuro. Será bom melhor leitor e pensador aquele que passou pela experiência da leitura desorganizada.

 

Em algum momento, porém, é preciso ajustar  o método, para ir além.

 

CONCLUSÃO

Você não precisa ter uma profissão totalmente voltada para o universo intelectual.

Qualquer pessoa pode cultivá-la, basta dedicar alguns minutos do dia à leitura e ao estudo.

 

Qualquer profissional obterá vantagens em sua carreira, independente de qual for, se souber tirar partido do desenvolvimento cultural autônomo.

 

Não há grandes amarras em relação a isso. O decálogo de Pennac aponta uma direção para não nos afobarmos ou pressionarmos demais.

 

São dez direitos do leitor, mas que podem ser resumidos em apenas um: leia do jeito que quiser e seja feliz com isso.

 

Mas afinal, o que te fez leitor?

 

Aposto que houve mais de um fator nessa relação. Eu mesmo, vejo essa experiência como algo um tanto difícil de explicar. Acontece o mesmo com você?

 

Dúvidas ou sugestões sobre esse assunto?

Encaminhe-as pelo e-mail, terei prazer em buscar respostas.

 


REFERÊNCIAS:

PENNAC, Daniel. Como um romance. Trad.: WERNECK, Leny. Porto Alegre/Rio de Janeiro: L&PM/Rocco, 2001

 

LEMBRE-SE: conhecimento bom é conhecimento compartilhado. Se você gostou desse conteúdo mande para quem pode se interessar pelo assunto.


DISCLAIMER:

Essa é uma produção independente, sem patrocínio de qualquer natureza. As menções a obras são espontâneas e não constituem indicação de compra.

Esse material foi redigido por um humano e não com uso de inteligência artificial.

Você pode usar trechos do texto, desde que cite a fonte.

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